Abre as tuas mãos sobre o infinito.
E não deixes ficar de ti
Nem esse último gesto!
O que tu viste amargo,
Doloroso,
Difícil,
O que tu viste inútil
Foi o que viram os teus olhos
Humanos,
Esquecidos…
Enganados…
No momento da tua renúncia
Estende sobre a vida
Os teus olhos
E tu verás o que vias:
Mas tu verás melhor…
… E tudo que era efêmero
se desfez.
E ficaste só tu, que é eterno.”
O trecho acima é do poema Tu Tens Um Medo, de Cecília Meireles, lido durante o Sarau da Esperança e da Luta, em Porto Alegre. O evento gratuito foi organizado pelo Sarau das Minas, um coletivo que se propõe a incentivar a literatura feita por mulheres.
Mas o que aconteceu na última sexta-feira, às vésperas do segundo turno das eleições, foi mais do que um encontro sobre literatura e cultura. Foi um espaço de acolhimento. Uma catarse coletiva para buscar inspiração. E resistir, insistir e seguir em frente.
Minha singela sugestão para a resistência cultural e intelectual é participar de eventos como esse. Procure nas redes sociais, tem muita gente legal e cheia de conteúdo disposta a compartilhar conhecimento e a propor amor e fraternidade em tempos difíceis.
Compre livros de escritores independentes. Prestigie as feiras do livro, que são mais do que locais de comercialização de obras literárias. São espaços em que a gente respira cultura. Vá em um show de uma banda de sua cidade. Lote os espetáculos teatrais feitos por pequenas companhias. Compareça à exposições de arte em museus e centros culturais. Não deixe para sair de casa apenas quando alguém famoso estiver em turnê pelo seu estado. Também não use como desculpa a falta de dinheiro, porque muitas das sugestões propostas nesse texto são gratuitas.
Vamos resistir. Sem perder a ternura jamais.
