Voos Literários

O culpado é o mordomo ou histórias de detetive sempre farão sucesso

Flávia Cunha
12 de setembro de 2016

Sou fã de livros policiais, de preferência com o estilo clássico do detetive especialista em desvendar segredos e mistérios insolúveis para nós, leitores. De Sherlock Holmes passando por Hercule Poirot e Miss Marple, esse tipo de personagem encanta e fascina milhões de pessoas ao redor do mundo.

Mas por que será que mesmo tantos anos após Conan Doyle e Agatha Christie terem consagrado esse estilo literário ele prossegue sendo um fenômeno editorial? Talvez seja pelo conforto de termos a certeza que saberemos quem é o culpado de determinado crime, porque ele certamente será revelado nas últimas páginas do livro. Se pensarmos no cenário político brasileiro atual, essa convicção desaparece rapidamente, independente das nossas ideologias e crenças partidárias.

Escândalos de corrupção invadem os noticiários diariamente, até chegarmos a um sentimento de desesperança e desilusão sobre o futuro dessa nação. Nesse cenário, nada mais reconfortante mesmo do que procurar um livro em que os herois e vilões estão bem claros ou que o assassino será desmascarado no final.

Uma sugestão para quem gosta do estilo policial mas também busca uma boa análise da natureza humana são as obras do belga Georges Simenon e seu Comissário Maigret, protagonista em 75 novelas e 28 contos publicados entre 1931 e 1972. O personagem é descrito como corpulento, taciturno e até um pouco melancólico. Porém, esse policial francês não sossega até descobrir os culpados dos crimes que investiga. Nessa apuração, é que a capacidade de observação do detetive chama a atenção durante a leitura. Paris e seus habitantes são descritos em detalhes e com uma ácida visão de mundo.

Um exemplo de como as obras de Simenon não envelheceram pode ser observado já no primeiro livro em que Maigret aparece, Pietr, O Letão. Em dado momento, um policial reclama com o Comissário sobre os problemas provocados por estrangeiros na França, em uma perturbadora demonstração que a xenofobia está longe de ser um problema recente na Europa.

 

  • Sugestões de leitura:
  • Morte na Alta Sociedade – Georges Simenon
  • O Misterioso Caso de Styles – Agatha Christie (primeira aparição de Poirot)
  • Assassinato na Casa do Pastor – Agatha Christie (primeiro caso de Miss Marple)