Erotismo refere-se ao estímulo sexual não explícito, o que o diferencia da pornografia. O aspecto mais sutil envolvido no erotismo é o que considero mais atraente. O termo remete ao período greco-romano e era aplicado à paixão e ao desejo sexual, representado pelo deus Eros, o famoso Cupido. Ele foi imortalizado com sua musa Psique, a alma, na famosa escultura de Antonio Canova, exposta no Louvre e retratada na foto dessa matéria.
Passando para a literatura, podemos pensar desde o lendário Kama Sutra, passar por clássicos como Decameron, os textos escandalosos do Marques de Sade e chegar no chatinho e contemporâneo Cinquenta Tons de Cinza. São inúmeros os livros que se enquadram na categoria literatura erótica, esse gênero nem sempre bem quisto pela crítica e que já rendeu problemas para quem se atreveu a publicar textos do tipo.
Que o diga Oscar Wilde, autor de obras como Teleny ou O Reverso da Moeda, considerado o primeiro livro da literatura inglesa a abordar o amor homossexual. Wilde incomodou tanto a sociedade britânica que acabou sendo preso pelo crime de sodomia. Ser gay era considerado um crime grave no século XIX na Grã-Bretanha.
Um pouco depois, no início do século XX, nascia uma escritora francesa que também dava calafrios nos “cidadãos de bem” da época. Anaïs Nin escrevia sobre orgias, triângulos amorosos e a descoberta da sexualidade feminina. Tudo isso em uma época em que o protagonismo feminino estava longe de ser visto como algo natural e que a liberação sexual da mulher ainda era pouco debatida.
Meu livro preferido dela é Uma Espiã Na Casa do Amor, lançado em 1954. O enredo mostra uma atriz de 30 anos, que aproveita a compreensão excessiva do marido para ter uma vida dupla para lá de movimentada, com inúmeros amantes.
Anaïs também escreveu durante toda a vida um diário em que revela suas próprias experiências amorosas e sexuais. Seu romance mais conhecido foi com o escritor Henry Miller, o cultuado autor da trilogia (erótica) Sexus, Plexus, Nexus. Baseado no diário de Anaïs, o filme Henry e June narra a paixão da escritora por Miller e por sua esposa, June, em plena década de 1930, em Paris. Aqui é possível saber mais sobre a relação dos dois escritores, que foi uma das mais famosas da história da Literatura.
Os livros de Anaïs sempre me fazem refletir sobre o pioneirismo dessa mulher, que não teve medo de se expor com seus textos e que certamente deve ter enfrentado muito preconceito por onde passou. Porém, desconfio que ela não se intimidou com as polêmicas que provocava. Uma das suas frases mais conhecidas é:
“A vida se contrai e se expande proporcionalmente à coragem do indivíduo.”
Desejo coragem às Anaïs da atualidade, na Literatura e na vida.
