Dois posts circularam e ainda estão circulando sem parar no Facebook.
Um deles foi sobre um pai xingando uma pessoa que não quis dar um gole do seu suco pro filho dele (um desconhecido). O outro de uma mãe xingando a mulher que não deixou o filho dela brincar com colecionáveis que custavam 1500 reais. Li os dois da primeira vez e pasmei com o que houve. Mas eu não sou muito chegada ao Facebook. Uso bastante por causa do trabalho. Mas pra vida pessoal não tenho muita paciência. O festival de opiniões urgentes e importantes que se cria nesse tribunal virtual me angustia.
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Mas… dias desses tava ali lendo e vi uma mãe dizendo: vocês sabem se posso fazer permanece no cabelo de uma menina de 3 anos?
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Li. Reli. Li de novo. O motivo? Ela cortou o cabelo da filha e a menina tava chorando porque queria os cachinhos de volta.
Eu não suporto que meus filhos sofram. Não gosto de vê-los chorar (nem quando têm motivo, muito menos quando não têm). Mas fiquei realmente estarrecida quando li que ela queria fazer permanente.
Eu sempre fui mãe grude. Sempre. Meu marido também. Dia desses um amigo querido disse: eu crio meu filho pensando em preparará-lo para quando eu não estiver mais aqui. Na hora, me deu um embrulho no estômago. Não consigo pensar em ficar pensando em não estar viva pra ver os guris crescerem. Minha família tem muitos de casos de morte prematura. Então, esse é realmente um assunto difícil pra mim.
Depois de um tempo, assimilei melhor o que ele tinha comentado. E achei bonito. Ele me abriu uma possibilidade de deixar os meninos crescerem de um jeito mais tranquilo. Porque eu sigo perto, sigo “grudenta”, mas sinto que confio mais na capacidade deles de se resolverem. Sabem aquele começo do aprender a andar de bicicleta? Tu segura a bicicleta pra criança ter confiança e quando sente que tá tudo bem, solta pra ela ir. Quando percebe, já tá andando. Sem tua ajuda. Tenho sentido isso. E isso me fortalece. E fortalece aos meus guris também.
Por isso, se eu encontrasse essa mãe hoje, eu diria, deixa ela chorar pelos cachinhos. Fica do lado, dá carinho, ela vai resolver mais rápido.
