Adoraria começar este texto explicando que o título é algum tipo de piada ou ironia, ou ainda uma peça famigerada de fake news. Mas não é. A Justiça do Distrito Federal autorizou psicólogos a tratarem gays e lésbicas como doentes. Ou seja, liberou as conhecidas e cruéis terapias de reversão sexual. A decisão em caráter liminar é do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho e acata parcialmente a reivindicação de uma ação popular (sério). Leia a íntegra do documento aqui.
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As terapias de reversão sexual são proibidas no país desde 1999
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A proibição desse tipo de tratamento partiu de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia, há quase 20 anos. Conselho que, aliás, garantiu recorrer da decisão. O problema, no entanto, transcende a prática. O problema maior está no fato de que ainda há quem acredite que homossexualidade é doença ou desvio de conduta. O problema maior reside no veloz retrocesso a que o nosso país está submetido, com conservadores no volante. Mas não quaisquer conservadores. São os mesmos conservadores que negam a ciência e colocam a Bíblia acima da constituição.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista de doenças em 1990
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Ainda assim, foi tarde. Muito tarde. Apesar disso, precisamos reafirmar o óbvio em 2017, em pleno século 21. Tanto é assim que a ação popular que provocou a decisão do juiz foi assinada por um grupo de psicólogos.
O juiz não altera a resolução, mas determina que o Conselho não proíba os profissionais de realizarem as terapias de REVERSÃO e REORIENTAÇÃO sexual. Tratamentos que representam uma cruel violação dos direitos humanos e que não tem absolutamente nenhum (zero) embasamento científico.
Segundo nota divulgada pelo CFP, a justiça se equivoca ao definir como o Conselho deve interpretar a resolução.
Em suma, não se pode fiscalizar as práticas de “cura gay”. Depois disso, só me resta perguntar: em que ano estamos?
