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Esta coluna é publicada a cada duas semanas. Duas semanas são exatos quatorze dias. Este pouco tempo, no entanto, parece o suficiente para que o presidente do país mais potente no mundo se emaranhasse em escândalos meramente por meio do Twitter. É difícil imaginar uma democracia em bom estado de saúde com um líder que governa apenas no seu interesse mais imediato. Ora, cá estamos.
O procurador-geral dos Estados Unidos foi escolhido para aplacar as bases mais conservadoras e nacionalistas do seu partido. Foi entre as primeiras figuras públicas a apoiar Trump desde o lançamento da sua campanha eleitoral. É fiel, portanto, desde o ponto de partida. Foi obrigado a recusar-se de uma investigação sobre o caso de conluio com a Rússia por causa da sua participação na campanha eleitoral. Em seguida, um comitê especial foi criado para investigar o caso—algo que desagrada Trump profundamente. Durante a semana passada, num pico de ira sobre o caso, Trump foi para Twitter reprovar a suposta fraqueza do procurador por se ter recusado.
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Que tiremos todos prints dos tweets incriminatórios
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Já seria absurdo se isto não se tratasse do presidente e dos cargos mais altos do país. Contudo, é o padrão estabelecido de Trump para fazer todo o tipo de declarações políticas. Seja declarações de intenção, sejam elogios ou calúnias a outras personagens políticas, não importa. Revela até informação confidencial, como se nada fosse. Vivemos numa época de governo via Twitter e nem os departamentos do governo sabem como lidar com esta estratégia – como bem vimos no caso da proibição de pessoas trans nas forças armadas.
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Decretos curtos e sem o mínimo de elaboração não fazem um governo eficaz. E oproblema é que estamos reduzidos a isso
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Sem muitas vagas ocupadas, com um presidente desconfiado de qualquer indicação de infidelidade, pouco se pode fazer. Sem que os seus aliados mais fiéis tenham segurança nos seus cargos, o presidente corre o risco de ficar num atoleiro sem saída. Que tiremos todos prints dos tweets incriminatórios.
