Já relatei aqui para vocês os desafios de lidar com o poder público em tempos de redes sociais. Já falei aqui sobre a responsabilidade redobrada que um repórter precisa ter na hora de apurar uma informação, sobretudo aquelas mais polêmicas.
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Hoje digo a vocês que a relação entre repórter e poder público segue a mesma. É muito simples: jornalista denuncia e cobra, enquanto o poder público responde
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O problema é que as redes sociais tem dado um poder que permite que as pessoas, políticos, movimentos representativos, etc, falem o que quiserem, quando quiserem e da maneira que quiserem. Uma prática diferente daquela que se espera de um jornalista, que não deve falar o que quiser, quando quiser e da maneira que quiser.
Tudo isso pra dizer que minha colega da rádio CBN, aqui em São Paulo, não falou o que quis, quando quis e como quis. Ela divulgou uma notícia apurada e de maneira apropriada. Porém, ela está sendo esculachada nestas redes sociais simplesmente porque a prefeitura e seus seguidores não gostaram da notícia.
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O que fizeram: colocaram a culpa da carta indesejada no carteiro
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E digo isso com tamanha convicção porque não somente a repórter apurou como viu o que relatou. Nada mais, nada menos, do que servidores da prefeitura “espantando” moradores de rua das ruas a base de jatos de água fria em uma das manhãs mais geladas do ano até agora.
O prefeito foi para seu Facebook fazer vídeo, o Movimento Brasil Livre (MBL) foi para as redes publicar um perfil da jornalista como se a briga fosse pessoal, um vereador ligado ao prefeito replicou tudo isso como se fosse mentira ou “fake news”.
Então eu pergunto a vocês: onde está o respeito à liberdade de imprensa, quando os apontados puderam se defender – e o fizeram – mas não satisfeitos saíram por aí esculachando a jornalista como se a notícia fosse uma invenção da cabeça dela?
