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Situação anormal

Sacha
10 de maio de 2017
(you can read this article in English here)

Vale relembrar que o cenário político no qual vivemos hoje não tem um caráter normal. Não é pela retórica extrema, não. É pela brecha interminável de ética e decoro vindo da Casa Branca.

O diretor do FBI acaba de ser demitido do seu cargo pelo presidente. O presidente nomeia os diretores de muitos cargos, então tudo normal por um governo em transição, certo? Pois, muito ao contrário. O diretor do FBI é nomeado para cumprir um mandato fixo de 10 anos, seja quem for o presidente. Cabe, sim, ao presidente revogar o cargo à sua disposição, porém, esta ação é contemplada apenas em situações de grave necessidade. Neste caso, por muito acaso, James Comey estava a realizar uma investigação sobre conexões entre Trump e a Rússia, possível interferência na eleição e mais.

O mais anormal desta administração até agora é a sua relação com a imprensa

A demissão de James Comey, contudo, não é a primeira anomalia nos cargos do gabinete. Candidatos abertamente em contra das funções dos seus departamentos são sistematicamente nomeados para os liderar. O procurador-geral foi declarado demasiado racista para servir como juiz federal em 1986. A secretária de educação quer desmantelar o sistema de educação pública a favor privatização radical. Quase todos os postos serviam de exemplo.

Entre todos, o mais anormal desta administração até agora é a sua relação com a imprensa. Além de questionar a legitimidade da imprensa tradicional por conveniência, não esconde que mente e distorce a realidade. Quando saiu que Comey tinha sido despedido, a Casa Branca decidiu falar com a imprensa…russa. Barrou toda a imprensa americana da conferência, aceitando apenas fontes russas. Dizer que o acontecido é extraordinário é dizer pouco.

Ainda não sabemos aonde vai a investigação de Trump e a sua campanha eleitoral. As ações de Trump presidente, no entanto, mostram uma anormalidade preocupante.

Imagem: abcdz2000